Frevo: Quer saber como a Maria Pumar faz parte dessa história?

Uma das primeiras coisas que nos vem à cabeça ao se pensar em Carnaval é o frevo, não é mesmo?

Afinal, o frevo é uma das principais performances de rua mais tradicional, notável e colorida da cultura Pernambucana.

Em Pernambuco, o frevo é comemorado dia 09 de fevereiro, no “Dia Estadual do Frevo”, sendo uma das manifestações mais expressivas do Brasil (e do mundo)!

E como a gente tem “mais que tá nessa, fazendo mesura Na Ponta do PÉ“… vem ver (e entender) como a Maria Pumar faz parte disso! 

ORIGEM DO FREVO

O frevo surgiu no final do século XIX nas ruas de Recife (PE), no Carnaval, na época, o Brasil passava por momentos históricos importantes como a Abolição da Escravatura e Proclamação da República.

E logo após a abolição dos escravos, estes passaram a trabalhar como operários e a estarem mais presentes na vida social.

Com o passar dos anos, o frevo foi ganhando importância e reconhecimento pelo Brasil e, até os dias de hoje, influencia o carnaval de todo o país. Incluído desde 2012 na Lista Representativa do Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade da Unesco, o frevo é parte importante da história nordestina e brasileira.

Em razão da sua forma rápida de dançar, fez-se uma analogia à expressão “fervendo”. Por isso, o frevo é uma dança frenética, de ritmo muito acelerado.

Passistas de frevo eram foras da lei

Inicialmente, isso não foi visto com bons olhos e, durante um tempo, a polícia era chamada para tentar conter os foliões. De acordo com a história, o guarda-chuva (tradicional elemento do frevo) era utilizado como ‘arma’ para se defenderem de eventuais agressões, já que a capoeira na época era proibida.

Os passos do frevo surgiram da rivalidade entre as bandas militares e nas lutas de capoeira. A CAPOEIRA É RECONHECIDA COMO UMA DAS PRINCIPAIS INFLUÊNCIAS PARA O FREVO, SOBRETUDO NO QUE DIZ RESPEITO À CONSTRUÇÃO DOS MOVIMENTOS DO PASSO. CAPOEIRA E FREVO SÃO ARTES IRMÃS, UNIDAS PELO CORPO, FORÇA E ENERGIA DA CULTURA NEGRA.

O frevo também possui características próprias:

  • Presença de música e dança;
  • Música tocada por instrumentos de sopro;
  • Ritmo acelerado;
  • Movimentos acrobáticos;
  • Inserção de elementos de outras danças folclóricas;
  • Inserção de elementos da capoeira;
  • Figurinos coloridos e a utilização de pequenas sombrinhas.

Além disso, na década de 30 nasceram diferentes tipos de frevo:

  • Frevo de rua: não é cantado, mas executado ao ritmo dos instrumentos musicais. É o frevo da dança.
  • Frevo-canção: esse é o frevo orquestrado, o qual apresenta um ritmo mais lento.

Frevo de bloco: é cantado, assemelhando-se a uma marchinha de carnaval.

Galo da Madrugada (maior bloco carnavalesco do mundo), em Recife/PE

Vários blocos de frevo saem pelas ruas de Pernambuco na época do carnaval, com concentração maior em Recife e Olinda. Um dos blocos carnavalescos mais expressivos e conhecidos é o Galo da Madrugada, com 41 anos de existência. O bloco saiu às ruas da cidade pernambucana pela primeira vez em 4 de fevereiro de 1978, com 75 pessoas fantasiadas, acompanhadas por uma orquestra com 22 músicos. Nos anos seguintes, o bloco foi ficando famoso e ganhando adesão de milhares de foliões a cada carnaval. Em 1994, o Galo da Madrugada viu o reconhecimento internacional: o Guines Book consagrou a agremiação como “o maior bloco de carnaval do planeta”, quando 1,5 milhão de foliões desfilaram pelas ruas do centro da cidade. Já em 2018, o desfile arrastou um público médio de 2,3 milhões pessoas às ruas do centro do Recife.

A SOMBRINHA DO FREVO

Tudo começou quando os recifenses resolveram usar guarda-chuvas no início do século 20 como forma de se proteger do sol.

Então, aos poucos, as sombrinhas de frevo foram tomando forma e hoje além de ser um sucesso nos carnavais, ela é um acessório que compõem também as fantasias.

Em todo bloco ela está lá, girando com suas tradicionais cores – amarelo, vermelho, verde e azul – ou estilizada com lantejoulas e outras estampas.

A historiadora Rita de Cássia conta que nos primeiros registros iconográficos referentes ao frevo, principalmente nas fotografias, desenhos e pinturas que se multiplicam sobretudo a partir da década de 1930 e 1940, aparecem alguns foliões nas ruas, seguindo a orquestra de algum clube ou troça de frevo, fazendo o passo, portanto um guarda-chuva ou uma sombrinha. Geralmente, um guarda-chuva bem surrado, com algumas hastes de fora. “Com algum ‘esforço de interpretação’, podemos pensar que o guarda-chuva era um objeto que compunha a indumentária cotidiana dos membros das elites urbanas na segunda metade do século 20, constituindo mesmo em uma insígnia de classe, junto com a cartola, o relógio de bolso e outros. Por imitação ou desejo de identificação com essa classe, pessoas das camadas populares também passaram a portar um guarda-chuva ou um chapéu-de-sol no seu dia a dia”.

“Sendo plausível pensar que, estando um sujeito na rua, lá para as bandas do bairro de São José ou Santo Antônio, ao ouvir uma fanfarra de frevo, saía correndo e se juntava ao grupo, caindo na folia e fazendo o passo. É importante trazer à cena da rua, fosse no cotidiano ou mais ainda em dias de festa, a questão da violência física e verbal, das intrigas e rixas que surgiam entre os foliões ou entre os clubes e troças rivais”, segundo a historiadora.

DO GUARDA-CHUVA PRETO, AS VEZES ATÉ QUEBRADO, AOS POUCOS OS PASSISTAS COMEÇARAM A USAR SOMBRINHAS INFANTIS, AUMENTANDO O REPERTÓRIO E PLASTICIDADE DE PASSOS.

“O guarda-chuva ou o chapéu-de-sol podiam, a qualquer hora, transfigurar-se em uma arma de defesa ou de ataque. Em alguma data que agora não saberia precisar, mas que se situa entre o final da década de 1950 e início de 1960, o guarda-chuva ou o chapéu-de-sol perde essa característica mais espontânea das ruas, e passa a figurar como um elemento que integra o repertório visual do frevo, especialmente, do passista”.

Guarda-chuva preto já foi utilizado para dançar frevo — Foto: Reprodução/TV Globo

Nossas sombrinhas são produzidas com dupla resinagem e costura hermética, o que garante a vedação completa e impede a passagem da chuva entre as costuras.

Agora que você já sabe toda a história do frevo, que tal juntar a galera que gosta da folia e encomendar para o próximo Carnaval?